QUEBRA-GELO

Atividade: Peça para que cada participante compartilhe brevemente uma situação em que precisou confiar em uma promessa (de um amigo, familiar, ou mesmo de Deus) quando as circunstâncias pareciam desfavoráveis. Como foi essa experiência? O que aprendeu?

Alternativa: Distribua pequenos cartões onde cada pessoa escreva uma circunstância desafiadora que esteja enfrentando atualmente (sem necessidade de identificação) e uma promessa bíblica que lhe dá esperança. Depois, os cartões são recolhidos, misturados e redistribuídos para que cada um leia e compartilhe uma breve reflexão sobre o cartão que recebeu.

TEXTO BASE

“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo. Pela fé, peregrinou na terra prometida como em terra estranha, habitando em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.” (Hebreus 11:8-10)

INTRODUÇÃO

A vida é repleta de circunstâncias – algumas favoráveis, outras desafiadoras. Como famílias cristãs, frequentemente nos encontramos diante de situações que testam nossa fé e nos convidam a escolher entre viver baseados nas promessas de Deus ou nas circunstâncias momentâneas. O exemplo de Abraão nos ensina como uma família pode viver ancorada nas promessas divinas mesmo quando as circunstâncias sugerem o contrário.

Abraão enfrentou o desconhecido, deixou sua terra natal, viveu como estrangeiro e aguardou promessas que humanamente pareciam impossíveis. Sua jornada não foi perfeita – ele cometeu erros, teve momentos de dúvida, mas persistiu na fé. Sua história nos mostra como podemos construir famílias que vivem pela fé nas promessas de Deus, mesmo quando as circunstâncias parecem contradizê-las.

Neste estudo, exploraremos como podemos, assim como Abraão, construir famílias fundamentadas nas promessas divinas, desenvolvendo uma visão que transcende as circunstâncias momentâneas.

DESENVOLVIMENTO

1. A DECISÃO DE CONFIAR NAS PROMESSAS

Texto: Gênesis 12:1-4

“Disse o Senhor a Abrão: ‘Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados’. Então Abrão partiu, como lhe ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã.”

A jornada da fé começa com uma decisão. Para Abraão, significou deixar o conforto, a segurança e o conhecido para embarcar em uma jornada baseada apenas na promessa de Deus. As circunstâncias objetivas sugeriam que permanecer em Ur ou em Harã seria mais sensato – afinal, ele tinha estabilidade, família e pertencimento ali.

Observe que a promessa de Deus a Abraão envolvia bênçãos que ultrapassavam sua vida individual e alcançavam sua família e descendentes. Era uma promessa familiar, que estabelecia um propósito geracional. Abraão precisou decidir entre a confiança nas promessas de Deus e o conforto das circunstâncias conhecidas.

Como famílias, frequentemente enfrentamos situações semelhantes. Decidir confiar nas promessas de Deus quando elas nos chamam para o desconhecido ou para situações que parecem contrárias à lógica humana requer coragem e fé genuína. A decisão de Abraão afetou não apenas a si mesmo, mas toda sua família presente e futura.

Pergunta para reflexão: Em quais áreas de sua vida familiar você está enfrentando a tensão entre viver conforme as promessas de Deus ou ceder às circunstâncias? Como tem sido essa experiência de decisão?

2. PERSEVERANDO NAS PROMESSAS QUANDO AS CIRCUNSTÂNCIAS CONTRADIZEM

Texto: Gênesis 15:1-6; 16:1-4; 17:15-19

“Depois dessas coisas o Senhor falou a Abrão numa visão: ‘Não tema, Abrão! Eu sou o seu escudo; grande será a sua recompensa’. Mas Abrão perguntou: ‘Ó Soberano Senhor, que me darás, se continuo sem filhos e o herdeiro do que possuo é Eliézer de Damasco?’ E acrescentou: ‘Tu não me deste filho algum! Um servo da minha casa será o meu herdeiro!’ Então o Senhor deu-lhe a seguinte resposta: ‘Seu herdeiro não será esse. Um filho gerado por você mesmo será o seu herdeiro’. Levando-o para fora da tenda, disse-lhe: ‘Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las’. E prosseguiu: ‘Assim será a sua descendência’. Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça.” (Gênesis 15:1-6)

Acreditar nas promessas é apenas o início. A perseverança na é testada quando as circunstâncias parecem contradizer as promessas. Abraão e Sara esperaram 25 anos entre a promessa e o nascimento de Isaque. Durante esse período, enfrentaram:

  1. Espera prolongada: O tempo de Deus nem sempre corresponde às nossas expectativas.
  2. Tentativas humanas: A história com Hagar demonstra como podemos tentar “ajudar” Deus a cumprir Suas promessas através de meios humanos, geralmente causando complicações.
  3. Circunstâncias biologicamente impossíveis: Sara era estéril e, quando a promessa finalmente se cumpriu, ambos estavam em idade avançada.

A perseverança de Abraão não foi perfeita – ele teve momentos de dúvida (Gênesis 17:17) e tomou decisões equivocadas (Gênesis 16). No entanto, apesar das fraquezas humanas, ele manteve sua confiança fundamental nas promessas de Deus.

Para nossas famílias, isso ensina que perseverar nas promessas não significa ausência de dúvidas ou perfeição no caminhar. Significa manter a confiança fundamental em Deus mesmo quando falhamos, nos desviamos temporariamente ou quando as circunstâncias parecem impossíveis.

Pergunta para reflexão: Como sua família tem lidado com os períodos de espera entre a promessa e o cumprimento? Quais “Hagares” (soluções humanas para problemas divinos) vocês têm buscado em momentos de impaciência?

3. FORMANDO UMA IDENTIDADE FAMILIAR BASEADA NAS PROMESSAS

Texto: Gênesis 18:17-19; Hebreus 11:11-12; 17-19

“E o Senhor disse: ‘Ocultarei a Abraão o que estou para fazer? Abraão será o pai de uma nação grande e poderosa, e por meio dele todas as nações da terra serão abençoadas. Porque eu o escolhi, para que ordene aos seus filhos e aos seus descendentes que se conservem no caminho do Senhor, fazendo o que é justo e direito, para que o Senhor faça vir a Abraão o que lhe prometeu’.” (Gênesis 18:17-19)

“Pela fé, até Sara, que era estéril, recebeu poder para conceber um filho, mesmo depois de velha, pois considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Assim, daquele homem já sem vigor nasceu uma descendência tão numerosa como as estrelas do céu e incontável como a areia da praia do mar.” (Hebreus 11:11-12)

A maior herança que Abraão deixou não foi material, mas espiritual – uma identidade familiar fundamentada nas promessas de Deus. Esta identidade se manifestou de várias formas:

  1. Ensino e exemplo espiritual: Abraão instruía e guiava sua família nos caminhos do Senhor (Gênesis 18:19).
  2. Culto familiar: Abraão construía altares e invocava o nome do Senhor com sua família (Gênesis 12:7-8).
  3. Vivência da fé em momentos cruciais: O teste supremo de fé com Isaque (Gênesis 22) demonstrou a profunda convicção de Abraão na fidelidade de Deus, mesmo quando desafiado a sacrificar a própria promessa.

A identidade da família de Abraão estava tão firmada nas promessas divinas que eles se descreviam como “peregrinos e forasteiros na terra” (Hebreus 11:13), demonstrando que sua verdadeira cidadania transcendia as circunstâncias terrenas.

Para nossas famílias hoje, formar uma identidade baseada nas promessas significa criar uma cultura familiar onde:

  • As decisões são avaliadas à luz das promessas e princípios divinos, não apenas das circunstâncias imediatas.
  • A fé é transmitida não apenas por palavras, mas por exemplos vivos.
  • Membros da família se veem primeiramente como parte do povo de Deus, com um propósito que transcende realizações terrenas.

Pergunta para reflexão: Como sua família tem construído uma identidade baseada nas promessas de Deus?

Quais práticas ou princípios vocês têm adotado que ajudam a fortalecer essa identidade mesmo em meio a circunstâncias desafiadoras?

CONCLUSÃO

A jornada de Abraão nos oferece um modelo inspirador de como famílias podem viver ancoradas nas promessas de Deus em meio às mais variadas circunstâncias. Sua história nos ensina que:

  1. Viver pelas promessas começa com uma decisão deliberada de confiar em Deus acima das aparências circunstanciais.
  2. A perseverança na fé é essencial durante os períodos de espera e contradição aparente.
  3. A maior herança que podemos deixar é uma identidade familiar fundamentada nas promessas eternas de Deus.

Como famílias cristãs no século XXI, enfrentamos desafios diferentes dos de Abraão, mas o princípio permanece o mesmo: somos chamados a construir nossos lares sobre o fundamento inabalável das promessas divinas, não sobre as areias movediças das circunstâncias mutáveis.

Ao encerrarmos este estudo, que possamos, como Abraão, ser lembrados como pessoas e famílias que, pela fé, confiaram nas promessas de Deus mesmo quando tudo indicava o contrário. Que nossas famílias sejam faróis que apontam para uma realidade além das circunstâncias visíveis – a realidade do reino eterno de Deus.

Oração final: Senhor, ajuda-nos a construir famílias que vivam pela fé em Tuas promessas, não pelas circunstâncias temporárias. Que, como Abraão, possamos olhar além do visível e confiar em Tua palavra infalível. Fortalece nossa fé nos momentos de espera e contradição. Capacita-nos a criar uma identidade familiar fundamentada em Ti e em Tuas promessas eternas. Em nome de Jesus, amém.

Abraão contemplando as estrelas e as promessas de Deus sobre descendência numerosa.
Como Abraão, somos chamados a confiar nas promessas de Deus mesmo quando as circunstâncias parecem impossíveis.

APROFUNDAMENTO – TEXTO BASE (HEBREUS 11:8-10)

Autor e Estrutura Literária

O livro de Hebreus, embora tradicionalmente atribuído a Paulo, possui autoria incerta. Candidatos sugeridos por estudiosos incluem Barnabé, Apolo, Priscila, e outros colaboradores de Paulo. Independente da autoria específica, o texto revela um autor com profundo conhecimento das Escrituras hebraicas e do sistema sacrificial judaico.

Quanto à estrutura literária, Hebreus apresenta-se como uma “palavra de exortação” (Hebreus 13:22), combinando elementos de carta e de sermão homilético. O livro é notável por sua sofisticação retórica e teológica, utilizando argumentos dedutivos complexos e rica linguagem metafórica.

O capítulo 11, onde se encontra nosso texto base, constitui o que muitos chamam de “Galeria da Fé” ou “Hall dos Heróis da Fé”. Esta seção utiliza a anáfora (repetição da frase “pela fé” no início de vários versos) como recurso literário para enfatizar a centralidade da fé na experiência do povo de Deus ao longo das gerações.

No contexto específico de Hebreus 11:8-10, o autor aplica um método exegético tipicamente judaico, reinterpretando a narrativa de Abraão à luz da esperança escatológica cristã. A menção à “cidade com fundamentos” representa uma reinterpretação teológica da expectativa de Abraão, vinculando sua experiência à esperança cristã da Nova Jerusalém.

Contexto Histórico e Cultural

A epístola aos Hebreus foi escrita aproximadamente entre 60-70 d.C., num período crítico para os cristãos de origem judaica. Esses crentes enfrentavam:

  1. Perseguição crescente: Com o aumento da hostilidade romana contra os cristãos, muitos estavam tentados a retornar ao judaísmo, que era uma religião legalmente reconhecida no Império Romano.
  2. Crise de identidade: A aparente demora na parusia (volta de Cristo) e a destruição iminente ou recente do Templo de Jerusalém (dependendo da datação exata) colocavam questões profundas sobre a validade das promessas cristãs.
  3. Pressão sociocultural: O abandono das tradições judaicas representava não apenas mudança religiosa, mas ruptura com laços familiares, comunitários e culturais profundos.

Neste contexto, a referência a Abraão é estrategicamente significativa. O patriarca era unanimemente respeitado tanto por judeus quanto por cristãos de origem judaica. Ao apresentar Abraão como alguém que viveu “pela fé” e não pela segurança das instituições religiosas visíveis, o autor estabelece um argumento poderoso para cristãos tentados a retornar às práticas judaicas tangíveis em busca de segurança.

A menção de Abraão vivendo em “tendas” (habitações temporárias) contrasta implicitamente com o desejo de estabelecimento permanente que muitos leitores sentiam. A “cidade com fundamentos” representa a promessa de uma estabilidade espiritual que transcende as instituições religiosas terrenas.

Desenvolvimento Teológico

O texto de Hebreus 11:8-10 desenvolve vários temas teológicos significativos:

  1. Natureza da fé autêntica: A fé é apresentada não como mera crença intelectual, mas como confiança ativa que se traduz em obediência (“pela fé… obedeceu”). Abraão demonstra que a fé verdadeira inspira ação, mesmo diante de incertezas (“sem saber para onde ia”).
  2. Tensão escatológica: A imagem de Abraão como peregrino estabelece o paradigma da vida cristã como existência na tensão entre promessa e cumprimento. Os cristãos, como Abraão, vivem numa realidade “já/ainda não” – cidadãos de um reino que já está presente espiritualmente, mas ainda não plenamente manifestado.
  3. Teologia da esperança: A expectativa de Abraão por “uma cidade com fundamentos” revela que sua fé não estava fundamentada apenas nas promessas terrenas (terra, descendência), mas numa esperança transcendente. O autor de Hebreus reinterpreta a esperança abraâmica como prefiguração da esperança escatológica cristã.
  4. Deus como arquiteto e construtor: Esta metáfora apresenta a salvação como iniciativa e obra divina. A cidade esperada não é construção humana (como a torre de Babel), mas projeto divino. Isto reforça a insuficiência dos sistemas religiosos humanos, tema central em Hebreus.
  5. Continuidade da fé: Ao incluir Isaque e Jacó como “co-herdeiros da mesma promessa”, o texto estabelece o princípio da fé transgeneracional – a promessa divina e a resposta de fé atravessam gerações, criando uma comunidade de fé que transcende o tempo.

Aplicação para a Vida Cristã

O exemplo de Abraão nos desafia a viver como “peregrinos e estrangeiros” neste mundo (1 Pedro 2:11), ancorados em realidades que transcendem as circunstâncias visíveis. Algumas aplicações práticas incluem:

  1. Desapego espiritual: Em uma cultura materialista, somos chamados a manter um saudável desapego das seguranças temporárias, reconhecendo que nossa verdadeira segurança está em Deus.
  2. Obediência sem visão completa: O exemplo de Abraão nos encoraja a obedecer mesmo quando não vemos o quadro completo do plano de Deus. A fé genuína é capaz de dar o próximo passo sem exigir um mapa detalhado da jornada inteira.
  3. Perspectiva eterna nas decisões cotidianas: Nossas escolhas profissionais, financeiras e familiares devem refletir valores eternos, não apenas considerações temporárias.
  4. Paciência no processo: Abraão esperou décadas pelo cumprimento parcial das promessas e morreu sem ver seu cumprimento completo. Isto nos ensina a perseverar mesmo quando o tempo de Deus parece prolongado.
  5. Identidade como peregrinos: Devemos cultivar uma identidade como “cidadãos do céu” (Filipenses 3:20), reconhecendo que nossa lealdade primária não é a sistemas, instituições ou culturas terrenas, mas ao Reino de Deus.

Aplicação para o Discipulado

O modelo abraâmico oferece princípios fundamentais para o discipulado cristão:

  1. Discipulado como jornada: A vida cristã não é um destino alcançado, mas uma jornada contínua de seguir a Deus, mesmo para territórios desconhecidos.
  2. Mentoria geracional: A menção a Isaque e Jacó como “co-herdeiros” sugere a transmissão intencional da fé entre gerações. Como Abraão, somos chamados a discipular a próxima geração para continuar a jornada de fé.
  3. Discipulado comunitário: Abraão não viajou sozinho, mas conduziu uma família e uma comunidade. O discipulado cristão autêntico ocorre em comunidade, não em isolamento.
  4. Aprendizado através de crises: As crises de fé na vida de Abraão (como a demora na concepção de Isaque ou o pedido para sacrificá-lo) revelam que o discipulado frequentemente se aprofunda nas encruzilhadas da vida.
  5. Orientação para o reino: Como Abraão, que buscava “a cidade que tem fundamentos”, o discipulado cristão deve estar orientado para o Reino de Deus como sua meta final, não para realizações terrenas.

Aplicação para a Liderança Cristã

Líderes cristãos podem extrair princípios valiosos do exemplo abraâmico:

  1. Liderança visionária: Abraão liderou sua família com base numa visão que transcendia o imediato e o visível. Líderes cristãos eficazes cultivam visão que se estende além das circunstâncias presentes.
  2. Liderança sacrificial: Abraão abandonou conforto e segurança para seguir o chamado de Deus. A liderança cristã autêntica envolve sacrifício pessoal pelo bem daqueles que são liderados.
  3. Liderança de integridade: Mesmo quando falhou (como no Egito ou com Hagar), Abraão retornou ao caminho da obediência. Líderes cristãos não são perfeitos, mas demonstram integridade em reconhecer falhas e retomar o caminho correto.
  4. Liderança de fé: Abraão regularmente enfrentou situações que exigiam fé contra evidências circunstanciais. Líderes cristãos devem modelar uma fé que transcende as limitações aparentes.
  5. Liderança de legado: Abraão investiu na próxima geração, preparando Isaque para continuar o caminho da promessa. Líderes eficazes trabalham para seu próprio obsolescência, preparando a próxima geração para liderar.
Sara e Abraão idosos celebrando o nascimento milagroso de Isaque
O nascimento de Isaque demonstra que Deus cumpre Suas promessas mesmo quando as circunstâncias parecem impossíveis.

SERMÃO EXPOSITIVO: “CONSTRUINDO UMA FAMÍLIA SOBRE PROMESSAS E NÃO SOBRE CIRCUNSTÂNCIAS”

INTRODUÇÃO

Nossa passagem de hoje, Hebreus 11:8-10, nos apresenta a história de uma família – a família de Abraão – que escolheu construir sua vida não sobre as circunstâncias promissoras e visíveis, mas sobre as promessas invisíveis de Deus. E esta escolha fez toda a diferença.

LEITURA DO TEXTO: HEBREUS 11:8-10

“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo. Pela fé, peregrinou na terra prometida como em terra estranha, habitando em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.”

CONTEXTO DO TEXTO

Para entender plenamente esta passagem, precisamos lembrar que os destinatários originais da carta aos Hebreus eram cristãos de origem judaica enfrentando perseguição e tentados a abandonar sua fé em Cristo para retornar à segurança relativa do judaísmo tradicional. O autor apresenta uma “galeria de heróis da fé” para mostrar que a verdadeira fé sempre envolve confiar em Deus além das circunstâncias visíveis.

Abraão, o pai da fé hebraica, é apresentado como exemplo primordial deste princípio. Se até mesmo Abraão viveu por fé e não por vista, quanto mais os seguidores de Cristo são chamados a perseverar em fé mesmo quando as circunstâncias parecem contradizer as promessas.

PROPOSIÇÃO DO SERMÃO

A família que vive pelas promessas de Deus e não pelas circunstâncias constrói um legado espiritual duradouro através de:

  1. Uma obediência corajosa ao chamado divino
  2. Uma identidade de peregrino neste mundo
  3. Uma esperança ancorada no futuro eterno de Deus

I. OBEDIÊNCIA CORAJOSA AO CHAMADO DIVINO (v. 8)

“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo.”

A. A natureza do chamado de Abraão (Gênesis 12:1-3)

  • Era um chamado para deixar sua zona de conforto (“saia da sua terra”)
  • Era um chamado para romper com relacionamentos estabelecidos (“do meio dos seus parentes”)
  • Era um chamado para abandonar sua segurança (“da casa de seu pai”)
  • Era um chamado com destino incerto (“para a terra que eu lhe mostrarei”)

B. A resposta de Abraão

  • Foi imediata (“Abraão partiu, como lhe ordenara o Senhor” – Gênesis 12:4)
  • Foi confiante, mesmo sem informações completas (“embora não soubesse para onde estava indo”)
  • Foi fundamentada na confiança no caráter de Deus, não nas circunstâncias favoráveis

C. Aplicação para famílias hoje

  • Famílias são frequentemente chamadas a tomar decisões de fé contra a sabedoria convencional
  • A obediência familiar a Deus frequentemente envolve riscos e desconforto
  • Deus raramente revela o mapa completo – Ele pede obediência passo a passo

II. IDENTIDADE DE PEREGRINO NESTE MUNDO (v. 9)

“Pela fé, peregrinou na terra prometida como em terra estranha, habitando em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa.”

A. A paradoxal condição de Abraão

  • Vivia na terra prometida, mas como estrangeiro
  • Possuía a promessa, mas não a plena realização
  • Era abençoado por Deus, mas vivia em habitações temporárias

B. A tensão de viver entre promessa e cumprimento

  • Abraão nunca construiu uma cidade ou casa permanente na Terra Prometida
  • A tenda simbolizava sua compreensão da natureza temporária da vida terrena
  • Esta identidade de peregrino foi transmitida às gerações seguintes (Isaque e Jacó)

C. Aplicação para famílias hoje

  • Famílias cristãs vivem na mesma tensão: cidadãos do céu vivendo temporariamente na terra
  • Nossos valores, prioridades e decisões devem refletir nossa identidade como peregrinos
  • O materialismo, consumismo e busca de status são armadilhas que negam nossa identidade peregrina

III. ESPERANÇA ANCORADA NO FUTURO ETERNO DE DEUS (v. 10)

“Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.”

A. A visão transcendente de Abraão

  • Sua esperança ultrapassava as promessas materiais imediatas (terra e descendentes)
  • Ele vislumbrava uma realidade espiritual além deste mundo
  • Sua fé estava ancorada na eternidade, não apenas em bênçãos temporais

B. Contraste entre construções humanas e divinas

  • Cidades humanas (como Babel) são construídas pela ambição humana e por segurança temporal
  • A cidade de Deus tem “fundamentos” – é permanente, inabalável
  • Deus é tanto o designer (“arquiteto”) quanto o construtor (“edificador”)

C. Aplicação para famílias hoje

  • Famílias cristãs devem cultivar uma visão que transcende este mundo
  • Nossa esperança final não está em sucessos terrenos, mas na herança eterna
  • Decisões familiares devem ser avaliadas à luz da eternidade, não apenas do benefício temporal

CONCLUSÃO

A família de Abraão nos oferece um modelo inspirador para nossas famílias hoje. Em um mundo que nos encoraja a construir nossas vidas sobre as circunstâncias visíveis – conforto material, segurança financeira, aprovação social – somos chamados a uma forma radicalmente diferente de viver.

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Sobre o Autor

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O Blog Discipule foi idealizado pelo Pastor Antônio Carlos, com o propósito de inspirar e encorajar seus leitores a crescerem em sua jornada de discipulado e vida cristã, compartilhando estudos, reflexões e recursos que os ajudem a crescer como discípulos de Jesus.